Valores invertidos, seres humanos tortos.

É mais do que óbvio que a sociedade contemporânea vive uma inversão de valores avassaladora. Podem chamar de modernidade,  de normal, de atual, de necessária ou de qualquer outra coisa. Mas para essa pessoa que vos escreve, com 30 anos de vida (ainda não sei se é muito ou pouco), é sim uma aberração, uma deturpação ética e moral de princípios básicos para o desenvolvimento do homem e para as relações humanas.

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Valorização de coisas ao invés de pessoas, de ter ao invés de ser, de estar na moda mesmo quando não se agrada dela, de ter o celular de última geração porque todo mundo tem, de baixar os aplicativos do momento (por mais imbecis e desnecessários que sejam) para não parecer desatualisado, enfim. Essa necessidade exibicionista que faz a gente pirar e entrar na onda. E quando a gente se dá conta, estamos postando até foto da comida que comemos no almoço ou no jantar e divulgando nossos itinerários publicamente.

Mas depois queremos defender com unhas e dentes a nossa privacidade, nosso direito de estar só, sem ser incomodado. Daí lembramos da tal vida privada. É cômico, não?

Todo mundo quer ter seus 15 segundos, minutos, dias, semanas ou meses de fama. Todo mundo quer causar. Celebridades instantâneas viram febre por meio de virais idiotas que surgem na internet todos os dias. Mas falar de religião, de espiritualidade, de valores é brega, é chato, é antiquado.

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E o que dizer das festas atuais? Casamentos, 15 anos e festas infantis que parecem eventos Hollywoodianos, com holofotes  que beiram a insanidade. (Sim, até eu já caí nessa, minha gente! Duas vezes!) Mas não caio mais. É sério! Não quero dizer que não vale à pena, mas muitas coisas são desnecessárias e fúteis. Criança gosta de pé no chão, de cabelo solto, de brincadeira e sujeira! E na maioria das vezes são obrigadas a passar o aniversário fazendo pose para foto e se comportando como adulto.

Daí os convidados vão para casa classificando a “festa” pela quantidade de sacolas, lembranças e personalizados que levaram para casa. Porque as festas deixaram de ser celebrações entre pessoas queridas, faz tempo… (Os benditos presentes jogados naquela caixa de entrada sem sequer serem entregues diretamente ao aniversariante, para mim, é a pior parte da história!)

Quanto às músicas, já pararam para analisar a pobreza poética, ideológica e artística dos hits “atuais”? Oh, my God! E muitos pais seguem achando “normal” seus filhos ficarem dançando e rebolando até o chão ao som das Anitas, Naldos, e demais MC’s da vida (inclusive em festas infantis), repito: infantis!

Segue um trecho de uma singela canção que tocava na discoteca de uma festinha infantil que fui:

“É que eu morro de vontade de você
Traz champagne e sabe me enlouquecer
Pega o chantilly na hora de sentir prazer
Tira a roupa e faz coisas de alucinar
Vem me agarra, me faz delirar
Quero te beijar
Então vem me dá”  (Naldo)

Bem propício para crianças de 02, 04, 05 anos dançarem, não?

Estímulo sensual e sexual antes da hora porque é “natural”, porque todo mundo ouve, porque todo mundo faz. E para não engravidar? É só distribuir camisinha, uai!

Roupas infantis mais caras que roupas de adulto, brilhos e paetês que fazem sua filha parecer uma alegoria de escola de samba. Um canal importado com desenhos infantis que ditam a moda dos brinquedos (caríssimos), das festas de aniversário, do material escolar e das roupas que seu menino usa.

Estão tentando me fazer engolir até agora que não pode mais dar palmada porque traumatiza e que o castigo virou  cantinho do pensamento. Aham! Enquanto isso, os professores apanham dos alunos nas escolas pelo país à fora e os pais só se preocupam com o bullying que seu filho está sofrendo por conta de um apelido.

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Adolescentes utilizando o corpo como moeda de troca, postando na rede fotos com caras sensuais e bocas vermelhas seguidas de frases vazias e que não faz o menor sentido nem mesmo para eles. Se um menino é educado para respeitar as meninas, para não pegar geral e não passar o rodo, ele é considerado gay pelos amigos e até pelos pais dos amigos! Se uma menina decide manter a virgindade até o casamento, ela é pressionada e hostilizada.

Enquanto ídolos teens que mesmo sendo usuários de drogas, alcóolatras e pervertidos, fazem a cabeça da garotada enquanto os pais acham natural porque eles não são seus vizinhos, não estudam na mesma escola, portanto, conclui-se que não oferecem risco ao seu “bebê”. E os filhos seguem conduzindo a educação que querem ter.

Enquanto a modernidade e a tecnologia entram pelos notebooks, tablets, smartphones e iphones, muitos pais fecham os olhos para o tempo que seus filhos passam debruçados, literalmente, sobre essas janelas. Crianças e adolescentes que passam horas a fio conectadas a uma rede de pessoas que os pais não conhecem e provavelmente jamais irão conhecer. Amigos? Oi?

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Conhecer os pais dos amigos, onde eles moram, saber o telefone deles é coisa do passado, é retrógrado e cafona. Afinal, daria muito trabalho saber quem são os quase 1.000 amigos do filho na rede social, que possuem acesso a tudo o que ele escreve, fotografa, filma e sente 24 horas por dia. E por falar em trabalho… os pais tem mesmo que trabalhar e muito para dar conta de pagar essa conta cada vez mais alta…

Não costumo generalizar, gente. Mas prefiro ser retrô, antiquada e chata. A mãe que vai pegar no pé, que vai levar e buscar, que vai controlar horários e saber com quem o filho está andando e como está se comportando no mundo real e virtual. Prefiro ser a mãe que abriu mão de trabalhar fora para os filhos terem menos aparelhos eletrônicos e brinquedos e mais qualidade na educação. Prefiro ser a mãe que no futuro vai dormir tranquila sabendo que fez a sua parte. Deus me ajude!

Viva aos “NÃOS”  na hora certa!

Viva aos limites adequados!

Viva as correções necessárias!

Viva as conexões reais!

Só que agora você pode estar pensando duas coisas:

1º – Quem essa moralista pensa que é?

ou

2º – Concordo com ela, mas será que ainda há esperança?

Para você que pensou na 1º opção, tenho algo a lhe dizer: só lamento!

Para você que pensou na 2º opção, quero lhe dizer que há esperança sim!

Porque a educação começa em casa. Então só depende de mim e de você. Seja e faça você mesmo a mudança que deseja ver no mundo a começar por suas atitudes e pela educação que dá aos seus. A gente colhe o que planta. Sua contribuiç’ao pode ser pequena aos seus olhos, mas certamente fará alguma diferença.

Ah! E se você que estiver lendo esse desabafo for cristão e tem a a bíblia como manual de instrução, não abra mão dos princípios de Deus. Eles são absolutos, imutáveis e universais.

Um beijo esperançoso

Camila Vaz

9 comentários sobre “Valores invertidos, seres humanos tortos.

  1. Camila, quanta coisa pra se refletir…
    Concordo que estamos vivendo um momento em que tudo é muito superficial, raso…e quem quer ser diferente, as vezes, paga um alto preço. Hoje, que vai de encontro ao que é comum, é colocado mesmo de escanteio. É preciso uma boa dose de segurança pra enfrentar o que é “comum”. Confesso que o uso da palmada não faz a minha cabeça. Não sei se vou mudar de opinião daqui uns anos…por enquanto, ainda prefiro resolver de outras formas, como, por exemplo, não deixar ver um desenho que gosta muito ou ir embora do lugar porque fez uma birra daquelas. Enfim…mas concordo que a permissividade em excesso cria tiranos…o que falta é equilubrio. A balança tá tendendo demais pro lado errado e sabemos que o excesso nunca é bom.
    Beijos e que 2014 seja melhor para todos nós!

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  2. Camila, você arrasou! Adorei seu texto! É bom saber que ainda existem pessoas que pensam assim! Também fico chocada como qualquer porcaria de letra de música vira sucesso na web; pessoas talentosas não têm vez neste mundo de futilidades…E com certeza pais ausentes são o fim da picada! Não gosto de bater, acho o castigo mais efetivo, mas com certeza temos uma geração que não está recebendo educação nenhuma. Pais ausentes, tablets presentes, servindo de babá. E olha que muitos pais até têm tempo de sobra para curtir os filhos, se envolver na vida deles, mas não estão nem aí. Depois acontece as coisas, os filhos se desviam do caminho certo e eles se perguntam, aonde foi que eu errei? Um grande abraço e fique com Deus!

    Reflexões- http://www.alicinha-reflexoes.blogspot.com.br
    Lalice Atelier – http://www.laliceatelier.blogspot.com.br

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  3. OI Camila!!!
    Hoje pela manhã eu li esse teu texto lá no Recanto e comentei.
    Querida, eu amei esse texto. Concordo plenamente com as tuas colocações.
    Super beijo florzinha e que você e sua família tenham um natal abençoado e um ano novo com muita saúde e paz do Senhor nos seus corações.

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  4. Perfeito, li este texto hoje Domingo de pascoa e me fez refletir sobre muita coisa, são valores que já não houvia falar mais com tanta veemência, parabéns .
    quero pedir autorização para compartilhar este com os colegas da faculdade.

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    • Que maravilha… Bom saber que gostou. Também reflito diariamente sobre isso e a autorizo sim a compartilhar o texto. Me conta depois. Bjs Camila Vaz

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  5. O que esperar de um povo que valoriza mais a fama que o respeito; valoriza mais os imbecis políticos, os imorais que compõem músicas nojentas e não dar valor nenhum ao bom Professor

    Gilson Paiva.

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